[RESENHA] SOB A REDOMA, de STEPHEN KING


Ano de Lançamento: 2009
Editora: Suma
Páginas: 954
Nota: 5/5

(Razoavelmente spoilerenta)

Antes de mais nada, gostaria de explicar-lhes que é difícil fazer uma resenha de poucas linhas de um livro tão grande (mais de 950 páginas). São muitos personagens (até uma marmota e um cão, Horace, tem espaço na obra), muitas histórias e, muitas histórias por trás da história. Desde já, peço-vos perdão por qualquer erro, falha ou esquecimento (aja visto que fiz a resenha basicamente de memória).

Tudo ia bem na cidade de Chester’s Mill até que um acontecimento inexplicável faz o hábito da cidade (e do país) mudar. Uma espécie de campo de força invisível envolve a cidade exatamente em seus limites territoriais. Como num passe de mágica a redoma – como ficou conhecida – desce sobre a cidade e a vida de seus habitantes nunca mais será a mesma.

No início vemos como tudo aconteceu. A redoma descendo e partindo uma marmota ao meio; um avião se chocando contra aquele campo invisível; caminhões e carros se estatelando contra a redoma... . 

Os dois mil habitantes da cidade ficam presos do mundo exterior e o que se vê depois disso é uma loucura de dimensões tão extraordinárias quanto à redoma.

Alguns ficam preocupados e assustados com a Redoma se perguntando quando aquilo irá acabar. Já alguns outros vem naquilo uma oportunidade de se beneficiar do evento. 

Dentre este segundo grupo se destaca Jim Rennie (Big Jim), segundo vereador da cidade, mas que na verdade, é quem manda em Chester’s Mill. 

Big Jim, o vilão clássico, que quer o poder simplesmente pelo poder. Homem temente a Deus que enricou de forma nada sagrada, começa sua odisseia pra fortalecer de forma autoritária seu poder na cidade sitiada. Ataques, desinformação e lógico, um inimigo a ser temido são armas usadas pelo megalomaníaco pra se firmar como salvador da cidade. 

Um outro fator que me fez pensar muito no que diz respeito a governança de Big Jim, é o fato dele, se julgando o melhor do melhor, escolher  pra lhe auxiliar pessoas: com um nível astronômico de puxa-saquismo; com muita disposição pra obedecer sem questionar; com ânsia de ocupar um cargo de poder num afã doentio e nocivo de se mostrarem melhores que os demais; com pouco capacidade de raciocínio. Alguma semelhança com alguém?

Logo após o evento, o exército americano resolve reincorporar Dale Barbara (Barbie) as forças armadas com a patente de coronel, mas é claro que Big Jim não aceita e tem seus planos para Barbie.

Grande parte da cidade se rende aos encantos (mas também ao...) de Big Jim e crê e segue o vereador. Mas uma outra parcela sabe que Big Jim não é aquele santo devoto que se autoproclama e decide se contrapor ao vereador. Dentre eles podemos destacar a dona do jornal Júlia; o auxiliar médico Rusty Everett; Reverenda Piper Libby; e as três crianças Joe: “Espantalho” McClatchey, Norrie Calvert e Benny Drake.

Livro muito bom. Escrito em terceira pessoa alternando entre os vários personagens. Te prende muito na narrativa. O autor usa daquele artifício de vários capítulos terminados em um certo clímax que te obriga a terminar o capítulo seguinte pra saber o que vai acontecer. 

Normalmente os livros de King são meio lentos mas este não. De inicio já temos acontecimentos que dizem bem como seguirá a narrativa até o fim.

Com muitos personagens, é difícil dar o espaço devido a cada um. Mas King consegue equilibrar a importância de todos pra cada um ter seu espaço. Até uma marmota tem seu ponto de vista explorado. Sem contar no cão Horace que, com sua atitude possibilitou algo surpreendente.

Talvez, o mais importante a frisar sobre o livro é que, em primeira instância, o livro não é sobre o combate das pessoas pra destruir a redoma. E sim de pessoas destruindo pessoas. Dos livros de King, talvez este seja um dos melhores pra descrever como se comporta um grupo de pessoas comuns em situação extrema: estupros, roubos, brigas, assassinatos mas também, atos de heroísmo. 

Li algumas coisas sobre o livro antes de começar a lê-lo, e vi que muitos leitores não gostaram do final. Eu confesso-vos que gostei. Achei diferente e nos mostra como seria pra nós, estúpidos homo sapiens, como seria nossa reação se fizessem conosco atrocidades que fazemos com a natureza (e espécies que descrevemos como menos evoluídas).

Li também que teria muita coisa referente ao clima e ao meio ambiente que tanto degradamos. Talvez esta nuance seja a que menos atendeu minhas expectativas. Acharia legal se o tema tivesse sido abordado com mais força.

SOBRE A SÉRIE



Minha curiosidade pra ler o livro veio depois que estreou a série televisiva homônima. Pessoas que já haviam lido o livro, afirmavam que a série deixa muito a desejar. Confesso que gostei da série. Não partilho da ideia de que uma adaptação tem de ser exatamente fiel à obra original. Claro, algumas coisas eu gostaria de ver na série e senti muita falta. Principalmente a ausência de Rusty Everett, Thibudou e o “Chef”. Rusty Everett tem, talvez, tanta importância quanto Barbie e Julia pra solucionar os problemas da redoma e fazer frente a Big Jim. Alguns outros personagens foram mesclados em um só (é o caso do Chef – acho que é este o nome – da série). 

Outra coisa a ser lembrada é que tanto Big Jim e Junior, são muito, mas muito mais malucos e doentios no livro . Principalmente Junior que no seriado, às vezes tu pensa que ele é do bem mas, em outras cenas, pensa que é do mal. Mas no livro, vemos o quanto o garoto é perturbado.

E por fim, um fator que eu gostei bastante na série, até aqui, é a presença do sobrenatural que tem mais espaço que no livro.

Chega né? Dado o tamanho do livro, seria difícil fazer uma resenha menor que ficasse satisfatória. Não pra mim que ainda não sou tão bom nesse negócio de resenhar. Ainda.

Livro recomendadíssimo. 

OBS.: 2000; 397; 106 ; e 32. Assustador neh?



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