[RESENHA] A Letra Escarlate, de Nathaniel Howthorne


Ano de lançamento: 1850
Editora: Penguin Companhia
Páginas: 336
Nota: 5/5
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"Você vai ficar aqui amanhã conosco?

Vai segurar nossas mãos

como está fazendo agora?

'Sim. No dia do juízo final'"



Em A Letra Escarlate vemos como o pecado é visto por uma sociedade puritana do séc. XVIII, situada na Nova Inglaterra, que crê piamente que o pecado são os outros e que Deus está sempre espiando as obras malignas..., dos outros. Ainda nos presenteia com uma máxima muito forte no que tange a uma sociedade fechada: há sempre alguém que traz consigo o pecado maior que o nosso.

Memórias e Lapsos

Tem horas que é preciso se reinventar, e só deixando um pouco do nosso eu antigo pra trás, é que se torna possível agregar coisas novas.



Faz tempo que penso em destruir um guarda roupa velho que tenho, pra construir uma estante. Todo dia olho, penso em fazer mas daí imagino: isso aí deve dar um puta trabalho. É melhor deixar para amanhã. No “amanhã” é sempre a mesma coisa: deixar pra amanhã.

Hoje acordei decidido: "se não fizer isto hoje, não farei isso nunca". Tirei as roupas e tudo que tinha dentro – me abismei com a quantidade de porcarias que havia ali dentro. Coisas que nunca iria usar mas que por algum motivo maluco resolvi guardar.  Joguei todas essas coisas fora e comecei a desmontar.

Depois, iniciei a construção da estante. Enquanto fazia a estante lembrei-me de quantas vezes temos coisas pra fazer e deixamos pra "amanhã": falar algo importante pra alguém; deixar algum sentimento que só nos faz sofrer para trás e dar lugar pra algo que nos faça feliz; dizer pr'aquela pessoa o quanto a achamos especial...; mas sempre fica pra amanhã. É muito trabalhoso mudar. Achamos mais fácil arrumar uma justificativa pra manter algo (um sentimento, por exemplo) que só nos traz infelicidade do que arregaçar as mangas, sair da apatia e provar, para nós mesmos, que podemos fazer e ser diferentes. Nos tornamos uma espécie de engenheiros das coisas superadas. Com medo de um futuro incerto preferimos nos acomodar com uma vidinha medíocre e deixamos de buscar algo que venha a nos completar, que venha nos trazer a alegria de viver.

Confesso que a estante não ficou tão boa, mas sei que a estante que criei hoje, é muito melhor e importante do que o guarda roupa velho que eu tinha. E assim é á vida: deixamos passar várias oportunidades que se escancaram na nossa frente nos apontando a direção pra algo novo, mas optamos por seguir um roteiro que não sabemos quem inventou.

Tem horas, que o melhor a fazer é jogar o roteiro antigo fora, pegar uma folha em branco e traçar as linhas do nosso próprio caminho. Mesmo que no final, não saia como imaginávamos. 

Paz e luz.

De Repente, 30...

     
  

Então...

Quando se é mais jovem, pensa-se que tudo é possível. Não à barreiras na imaginação de uma criança. Um cobertor vira uma caverna, arroz e feijão são os ingredientes culinários de reis e rainhas, seu cachorro conversa contigo e Deus é uma figura barbuda, temida e boa.

Os anos vão passando e com ele nossa perspectiva muda. Notamos que nem tudo funciona porque queremos e que nem somos tão importantes quando imaginávamos; as dificuldades vão aparecendo e é preciso rebolar pra não sucumbir aos tropeços que a vida reserva. Chega um ponto que parece mais fácil dar um foda-se do tamanho das pirâmides de Gizé e não se importar mais com nada, afinal, ninguém te entende mesmo. Pra que se preocupar com um mundo que existe mas que não faz parte de você?

Balanço das Leituras (até aqui!)


Mês de junho chegou, e fiquei pensando em fazer um balanço de minhas leituras até aqui. Dizem que é bom dar uma avaliada naquilo que se está fazendo, então, vamos lá.

Pois bem. Metade do que havia previsto não aconteceu, haha. Havia me proposto a leitura de grandes clássicos da literatura ao início de cada mês (para saber mais clique aqui). Geminiano que sou, manter um projeto por muito tempo é difícil, beirando o impossível. Daquela lista, até agora, li apenas um - Crime e Castigo - que por sinal é um dos melhores livros que já li.

[RESENHA] A Nona Configuração, de William Peter Blatty

Ano de lançamento: 1978
Editora: Agir - Casa dos Livros
Páginas: 160
Nota: 3,5/5





"Talvez todo o mal seja uma frustração, uma separação 

de onde deveríamos estar. [...] Talvez a culpa

  seja só a dor da separaçãoaquela... aquela solidão 

 em relação a Deus. Somos peixes fora d'àgua, Fell;

talvez seja por isso que homens ficam loucos"


Alguns autores acabam ficando marcados por sucessos de algumas (ou uma) obra. Por mais que obras subsequentes tenham um bom enredo e bom desenvolvimento, sempre há a expectativa de encontrar na obra em questão um resquício de sua grande obra prima. Em "A Nona Configuração", William Peter Blatty, consegue entregar um trabalho bom com um final surpreendente mas, talvez o afã de encontrar algo com a mesma áurea de seu grande best seller, O Exorcista , tenha atrapalhado a experiência.

[RESENHA] Manson, A Biografia, de Jeff Guinn

Ano de lançamento: 2014
Editora: DarkSide
Páginas: 520
Nota: 5/5
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COMPRAR: amazon


"Vinde então, e argui-me, diz o senhor:

ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata,

eles se tornarão brancos como a neve; 

[...] Mas se recusardes, e fordes rebeldes,

sereis devorados à espada; porque a boca d Senhor o disse"
(Isaías, Cap. 1, Vers. 18-20)


As pessoas nascem más ou, a sociedade é que vai moldando o caráter do ser humano? Ou, talvez não exista mal ou bem absoluto e tudo seria, parafraseando Paulo Coelho, "faces opostas da mesma moeda"?  Para muitos psicólogos há um conjunto de fatores internos e externos ao individuo que determinaram como será sua personalidade. Porém, para outros tantos, exitem alguns que nascem predestinado a serem o que são. Na ótima "Manson, A Biografia", Jeff Guinn consegue, através de extensa pesquisa, mostrar que Charles Milles Manson se enquadra em ambos.

[RESENHA] O Clube do Fogo do Inferno,
de Peter Straub

Ano de lançamento: 1996 
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 602
Nota: 5/5



"A diferença entre nós dois é que,

quando você chama alguém de louco,

acha que é um insulto,

ao passo que eu encaro isso como um elogio"

Peter Straub é mais conhecido aqui no Brasil por suas parcerias com Stephen King nos livros O Talismã e A Casa Negra, o que é uma pena. Este é o segundo livro que leio dele e é inegável o talento do autor pra criar tramas intrincadas, difíceis de desvendar e que nos brindam com um final surpreendente.