Passos [será que a felicidade está depois daquela curva???


Eram ruas sinuosas por onde passavam.
As curvas eram constantes, muitos obstáculos à frente.
Sempre havia um perigo escondido em cada parada.
Ainda assim, seguia-se adiante.

A multidão se reunia num posto de paragem.
Confabulavam trocando ideias de como transpor cada barreira.
Mesmo assim, para as armadilhas mais abstrusas, não havia conselhos:
                      só se aprende a passar por elas, passando.

Alguns iluminados surgiam de vez em quando para auxiliar,
                               mas nossa miopia nos impede ver o que se passa.
Tem horas que nos perdemos em velhas lembranças e medos
                                        que se retroalimentam de nossa capacidade faraônica 
                                                     de sentir rancor.

Mas, a rua continuava ali, com sua sinuosidade e seus obstáculos.
Não perguntava quem estava preparado ou tinha receio.
As chances de se perder em algum sentimento inútil eram gigantes.
Ainda assim, seguia-se adiante.

Depois de dias sem sair do lugar,
uma multidão munida de velas, lenços e rosas
                 cruzou em procissão rumo a fronteira mais próxima.
O desejo de ir junto era quase sobrenatural.
Mas, sabia que não era esse meu caminho.

Por mais fácil que fosse seguir a multidão
meus pés precisavam seguir rumo ao oeste com seus encantos e perigos.
Talvez o desconhecido seja um velho amigo à espera de um abraço.

Continuei, de início, solitário.
Porém, percebi que muitos estavam comigo.
Não em matéria, mas em pensamentos, sentimentos e luz.
Que iluminavam as curvas sinuosas e os obstáculos impossíveis.

Certa feita, pensei em desistir:
as solas dos pés estavam doloridas e o conforto do lar uma lembrança segura.
Pensei em tudo que vi até ali e silenciando a voz da praticidade,
                                                                                                      segui adiante.

Não sei ao certo aonde estou indo.
Essas ruas sinuosas podem ser perigosas, mas também
podem ser belas.

Quem sabe o que há no fim do arco íris?
Talvez a segurança de seus cafés, suas roupas e músicas
                     tragam-lhes felicidade. 
                                                          Não lhes culpo.

É fácil seguir o caminho mais batido.
Mas, às vezes, o Nosso Caminho
é aquele não percorrido. Que ninguém ousou trilhar.
Mesmo com as curvas sinuosas e seus perigos.

Talvez a felicidade esteja logo ali. 
E se o medo roçar em suas costas,
                                                      lhe sorria de volta.

Talvez seu verdadeiro rumo, esteja após essa grande curva.


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