[RESENHA] A Mulher do Viajante no Tempo, de
Audrey Niffenegger

Ano de lançamento: 2003
Editora: Suma de Letras
Páginas: 496
Nota: 5/5
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"É difícil ficar para trás.

Espero Henry, sem saber dele,

me perguntando se está bem.

É duro ser quem fica..."

Recentemente li um livro que usava o tema de viagem no tempo pra discorrer sobre amor (apesar de não ser necessariamente este o mote principal do livro). Mas, após o termino da leitura, fiquei me perguntando como seria viver apaixonado por alguém que veio de tempos ainda não vividos. Que soubesse de tudo. Audrey Niffenegger pegou isso e deu uma perspectiva louca para essa ideia fazendo que nem tudo sejam flores para o viajante temporal, mas, no final, o amor prevalece à tudo. 

A Mulher do Viajante no Tempo narra a história de Henry, um homem que tem uma mutação genética que o permite viajar no tempo. Calma lá, nem tudo são flores. Nosso personagem não tem controle sobre isso acabando por se meter em sérios apuros. Em uma dessas viagens conhece Clare, uma garotinha ruiva  que será, num quando futuro, sua esposa (já pensou, conhecer o amor da sua via na infância). Entre "saltos" no tempo e estadias no presente, vamos acompanhando a história de amor desses dois personagens que precisam vencer muita, mas muita coisa mesmo pra continuarem juntos.

Este livro, há alguns anos atrás, atraiu minha atenção por constar em várias listas de melhores livros do ano em alguns blogs. Realmente, o livro faz jus a essa propaganda toda. Escrito de forma simples e direta, o livro é cheio de referências à cultura pop: desde o punk a literatura passando por arte e música clássica (nem tão pops assim). Mas, é na relação entre os personagens principais (Henry e Clare) que se dá o ponto forte do livro.

Ambos precisam superar o obstáculo que é viver um mundo de incertezas onde cada instante pode ser o último. Ambos precisam amadurecer ante a nova empreitada que se impõe: Clare precisa lidar com o fato de Henry desaparecer a qualquer momento sem saber pra onde e pra quando ele foi, deixando apenas uma muda de roupa vazia. É na espera que o maior desafio de Clare mostra sua face. Esperar sem saber quando ele irá voltará e, se voltará bem.

Na outra ponta, Henry, precisa superar o fato de ser alguém diferente e inconstante. Que tem um buraco emocional deixado pela mãe e uma querela eterna com o pai. Ser alguém assim, cheio de problemas já é difícil por si só. Soma-se à isso o fato de nunca saber quando ficará em um quando por determinado tempo e quando isso, possivelmente, extirpará sua vida.

O livro é dividido entre os pontos de vista de Henry e Clare. Num primeiro momento me chocou a linguagem pesada por vezes usada por Clare - contrastava demais com a personagem meiga da protagonista. Mas, no decorrer da leitura, me acostumei e achei que serviu ao propósito da autora de mostrar que muito do vemos sobre alguém é só uma camada. Há muito pra ser descoberto abaixo da superfície.

A Mulher do Viajante no Tempo, trata de como o amor sincero e paciente pode mover muita areia, superar muitos obstáculos e mudar o modo como uma pessoa vive. Basta que alguns instantes de pura magia, que só o amor é capaz de promover, sejam saboreadas, para que toda uma vida de percalços tenha válido à pena.

Boa leitura.   

obs.: há uma adaptação para as telonas do livro. Com o nome de "Te Amarei Para Sempre", dirigido por Robert Schwentke (série Divergente), com Eric Bana  (Tróia, Muniche) no papal de Henry e Rachel McAdams (Spotlight, Nocaute) no papel de Clare. Ainda não vi o filme, mas o público parece ter gostado. Abaixo segue o trailer. 




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